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Polícial

Publicada em 09/04/21 às 08:55h
Caso Henry: entenda as investigações sobre a morte da criança de 4 anos

RCI FM 98

 (Foto: RCI FM 98 )

O vereador do Rio Dr. Jairinho e a professora Monique Medeiros foram presos nesta quinta-feira, 8, por ordem da Justiça no caso que investiga a morte de Henry Borel Medeiros, de 4 anos, filho de Monique. O garoto morreu com ferimentos no dia 8 de março e a polícia investiga o caso desde então. Entenda a seguir quais são as suspeitas dos investigadores contra o político e a mãe da vítima.

Por que Dr. Jairinho e Monique Medeiros, mãe de Henry, foram presos nesta quinta-feira?

A polícia diz que os dois estavam atrapalhando o andamento das investigações sobre a morte do menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, no dia 8 de março. O vereador e a mãe da vítima estariam intimidando testemunhas e combinando versões sobre o caso. A polícia sustenta que o menino morreu após ser agredido pelo político, que era seu padrasto. Os suspeitos foram presos por força de um mandado de prisão temporária expedido pelo II Tribunal do Júri do Rio. O prazo de validade da prisão é de 30 dias.

Quais foram os ferimentos encontrados em Henry após a morte?

Henry morreu no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca. Foi levado para lá pelo casal, que alegava tê-lo encontrado desmaiado no quarto onde a criança dormia. O menino estaria com olhos revirados, pés e mãos geladas e dificuldades para respirar. Segundo os médicos, o garoto chegou ao estabelecimento em parada cardiorrespiratória. No Instituto Médico-Legal, a necropsia constatou múltiplos sinais de trauma, como equimoses, hemorragia interna e ferimentos no fígado, típicos de agressão. A polícia suspeita que Henry tenha morrido depois de ser submetido por Dr. Jairinho a uma sessão de torturas, com o conhecimento de Monique. À polícia, o casal afirmou suspeitar que o menino tivesse se ferido em uma queda. Os ferimentos, contudo, não são compatíveis com isso.

Polícia afirma que Monique Medeiros protegeu assassino do filho. © Wilton Junior/Estadão Polícia afirma que Monique Medeiros protegeu assassino do filho.

Que elementos ligam Dr. Jairinho aos ferimentos encontrados em Henry?

Os investigadores dizem que o político realizava agressões periódicas contra a criança. Um dos elementos apontados no inquérito são as conversas registradas em um aparelho telefônico que mostram o relato feito pela babá à patroa sobre as agressões. Em depoimento, a babá não informou sobre essas agressões, já que na interpretação da polícia ela teria sido forçada a mentir.

“Alguns pontos dessa conversa nos chamaram muita atenção. A babá fala que o Henry relatou a ela que o padrasto o pegou pelo braço, deu uma ‘banda’, uma rasteira, e o chutou. Ficou claro que houve lesão ali; fala que Henry estava mancando, que não deixou dar banho nele porque estava com dor na cabeça”, apontou o delegado Antenor Lopes, diretor da Polícia Civil na capital.

Como a polícia chegou a essas conversas?

A polícia usou o software israelense Cellebrite para analisar os materiais apreendidos nos mandados de busca e apreensão. A investigação analisou os laudos já produzidos e concluiu que não restam dúvidas sobre a autoria do crime. Henry apresentava lesões nos rins e no pulmão, por exemplo, e sangramentos internos, incompatíveis com um eventual acidente. Ainda há outros laudos pendentes e, por isso, o pedido foi de prisão temporária. A investigação continua.

Qual o papel da mãe de Henry na morte da criança?

A polícia não acredita que Monique tenha sido ameaçada pelo Dr. Jairinho a esconder os fatos. Na versão apurada até agora pelos investigadores, a mãe seria uma aliada na prática dos crimes. "Se eu tivesse percebido qualquer tipo de coação, não teria pedido a prisão dela", disse o delegado Antenor Lopes.

“Depois que veio o pior resultado possível de uma rotina de violência, que foi a morte do Henry, ela esteve em sede policial por mais de quatro horas e deu declarações mentirosas, protegendo o assassino do filho”, acrescentou Lopes.

Quais são as acusações a que Dr. Jairinho e Monique terão de responder?

Eles são suspeitos de cometer homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura e sem capacidade de defesa da vítima. Uma denúncia ainda será formalmente apresentada pelo Ministério Público à Justiça sobre o caso.

O que alegam Dr. Jairinho e Monique?

No depoimento à polícia, o casal alegou que vivia em harmonia familiar com o menino. Não citou nenhum tipo de agressão e disse que existia na casa uma rotina de afeto.

Quem é Dr. Jairinho?

Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho, foi o 28º mais votado dentre os 51 vereadores eleitos no Rio no ano passado, com mais de 16 mil votos. Eleito pela primeira vez em 2004, é figura conhecida do Legislativo carioca e filho de um ex-deputado estadual, o policial Coronel Jairo (PSC), que ficou na Assembleia Legislativa de 2003 a 2018.

O vereador chegou a ser líder do governo de Marcelo Crivella (Republicanos) na legislatura passada. O pai, por sua vez, foi preso em 2018 pela Operação Furna da Onça, suspeito de receber mesada para aprovar projetos de interesse do governo de Sérgio Cabral (MDB).

O reduto eleitoral do parlamentar e do pai sempre foi Bangu, na zona oeste do Rio, e seu entorno. Eles são, inclusive, apontados como envolvidos com milicianos. A equipe de reportagem do jornal O Dia que foi torturada pela milícia na Favela do Batan, no bairro vizinho de Realengo, em 2008, já afirmou que pai e filho estariam naquela sessão de tortura. Os desdobramentos da investigação não foram suficientes para indiciá-los.


Fonte e Créditos: Estadão


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